O movimento que transforma
Talvez seja por conta dos textos que eu tenho lido ultimamente, mas o fato é que tenho me colocado a pensar sobre este momento tão especial quando nos encontramos com a leitura e, por que não, também com a escrita. O quanto é terapêutico, para mim, esses processos e as capacidades que eles têm de pôr para refletir, organizar e transformar. Tudo passa a ter mais sentido, saltam-se mais as cores, quando vivenciados desta forma. Só assim coloco ordem em meus sentimentos, observo melhor as minhas atitudes e posso responder à vida de forma mais clara.
Escrever me leva para dentro e ler me faz emergir e relacionar com o que vai fora. Mas em ambos os casos, quando termino, não sou mais a mesma. Sinto-me viva, indo no curso deste movimento. Já dizia Pietro Ubaldi: "Ser jamais significa estase, mas eterna transformação".
Contudo o mais importante, talvez, seja o movimento em si desta relação que se faz com o que se lê ou se escreve e não com o que está escrito realmente. Este, quase imperceptível, devir, quando nos encontramos com o 'eu' que, atento, observa a transformação. É o mergulhar no instante em que se vive. É terapêutico, justamente, por isso, por nos manter ali no limiar entre a realidade e a ilusão da vida, sentindo o fluxo, estando presentes.