sábado, 6 de agosto de 2011

Escrever é um ato que arranca as palavras do pensamento, moldando-os. É, numa metáfora sublime, como um desabrochar de uma flor. Como se os pensamentos fossem botões de flores – lindas ou não, depende muito da natureza do pensamento. Porque nem todo pensamento é Rosa. Alguns são erva daninha. – e escrever fosse deixar o pensamento desabrochar e mostrar tudo que escondia para si.
É uma conversa interior-exterior. É quando minha casca conversa com as minhas entranhas. É quando minha alma quer deixar claro tudo que a fere, tudo que a vicia, tudo que ela precisa que eu veja.
É quase como se olhar no espelho, mas não se vê pele, não se vê carne. Você vê a si mesmo de dentro para fora. Não vísceras, não veias, não sangue. Você se vê como alguém que sente, que quer, que sofre, que precisa. É refletir tudo que está escondido dentro dos pensamentos e das lembranças... Como uma saída para não deixar que as lembranças te sufoquem e te dilacerem por dentro. Você as põe para fora e as guarda. Não esquece, apenas guarda. – Num pedaço de papel e dentro do fundo da memória, onde pode dar uma olhada uma vez ou outra e sentir saudade.
Escrever é simplesmente uma forma de compartilhar com uma folha em branco tudo que não pode ser falado. Escrever para mim é tão necessário quanto qualquer-ato-cotidiano-vital, porque sem isso toda dor seria acumulada. Todo peso seria carregado por completo. Toda idéia continuaria botão-de-flor; e é no silêncio da escrita que habita a paz do autoconhecimento.

Paula F. (@dearcliche)

4 comentários:

  1. Paula, que texto mais bem escrito. Eu senti cada frase. Me identifiquei muito. Você é muito especial por isso, sabia? Não é qualquer pessoa que consegue tocar outras pessoas com os seus escritos. Estarei por aqui.

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  2. O interessante é que ela manteve neste texto sobre o Escrever os mesmos traços de quando estamos a ler seus contos... :)

    Dear =)

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  3. Lindíssimo. Sinto isso toda vez que escrevo.
    Belas palavras, querida. Beijos.

    Au revoir =)

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