quarta-feira, 7 de setembro de 2011

"Distraída, me perco de mim, da vida, me esqueço. Por isso que trago na bolsa as palavras que encontro no chão, me leio, me relembro. Brinco de alcançar o céu. Escalo letras, trago estrelas nas mãos e saio tocando poesia no dia. Essa intensidade faz parte de mim desde muito tempo. Minhas alegrias saltantes, ligeiras, ecoam vibrações de risos altos no bairro aqui de casa. Meus amores transbordam nos gestos, despencam dos ombros. As vezes o tempo aqui fica escuro e o mar que trago nos olhos escorre salgado na boca, inunda. Tem dias que nublo. E é no papel que pinto a chuva de mim. Pinto minhas ausências, minhas urgências, vazios. Quando amo coloco delicadezas na ponta do lápis e saio rabiscando ternura. Minha escrevência é o querer simples que tenho, meu sumo. Meu desejo de ser eterno, o cheirinho de talco da alma. Eu crua, sem enfeite nem segredos. As palavras são o meu avesso, o eu travesso. Escrevendo me esvazio, me espalho, me faço."

Natália Rocha (@nataliarochha)

2 comentários:

  1. Pude sentir a maciez de cada palavra, cada linha escrita. Senti o vento batendo vagarosamente em meu rosto, trazendo o bom perfume de cada letra deste singelo texto. Parabéns a autora, Natália Rocha. Minha querida, seu dom é exatamente este. Não perca-o, não deixe-o fugir. Divinamente encantador. E não é que eu sinto isso e um pouco mais que isso quando escrevo? Me identifiquei um bocado com suas palavras!

    Um beijo no coração.
    Au revoir!

    Nati

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